segunda-feira, 30 de setembro de 2013 3 Comentários

Tempo ao Tempo

Não podia estar mais certo quem disse que o tempo é o melhor remédio. Depois de um bom tempo sem postar nada, estou aqui novamente... Logicamente isso não é nenhuma garantia que vai haver muitas postagens, talvez o meu "saco" se encha só com essa mesmo (rsrs).Mas enfim, poesia é algo que está sempre presente no meu dia-a-dia e resolvi postar hoje uma que tinha feito esses dias, bem simples e verdadeira.Obrigado!



Cura

Quando passou
Fez por merecer
Tinha no tempo virtudes
Fez valer
 
Não se iluda
Tudo muda
A vida segue
Com ou sem ajuda
 
Mas o tempo
Agora o tempo é meu amigo
Deixa-me sossegado
E meu coração em abrigo.



by +Leo Junio 

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013 0 Comentários

José


Carlos Drummond de Andrade


E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?

by @LeoJunioS
terça-feira, 30 de outubro de 2012 0 Comentários

Brincar de saber

Ficou na minha cabeça com o vento que passou
Lembranças delicadas das tardes de amor
Não sou obrigado a ser forte toda hora
O que é que vou fazer agora?

Deixei de ser um sonho bom
No coração, diferente tom
E me deparo com a imensidão do vazio
Minha alma está tremendo de frio!

Sei bem que não consigo ser perfeito
Mas não sou nada menos que verdadeiro
Não lembro quanto tempo faz
Mas tem coisas que não voltam jamais!



by @LeoJunioS
sexta-feira, 26 de outubro de 2012 1 Comentários

Saudades


E na lembrança
O presente de um dia triste
Que nunca há de voltar
E que jamais se apagará!

Minha tristeza por essa distância
Um sentimento agasalhado
E uma esperança virtual
E do seu dia não posso compartilhar!

Pensando em palavras belas
Na forma de atingir seu coração
Falhei nas palavras e na compreensão
Consome e reduz meu coração!

Hoje meu desejo
Olhos e Afago
Olhares e abraço
Saudades!


by @LeoJunioS
quarta-feira, 3 de outubro de 2012 0 Comentários

Ternura



Vinicius de Moraes


Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar
                                                                     [ extático da aurora.



Texto extraído da antologia "Vinicius de Moraes - Poesia completa e prosa", Editora Nova Aguilar - Rio de Janeiro, 1998, pág. 259.





by @LeoJunioS
 
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