segunda-feira, 17 de outubro de 2011 0 Comentários

TABACARIA


    Fernando Pessoa
    Não sou nada.
    Nunca serei nada.
    Não posso querer ser nada.
    À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
    Janelas do meu quarto,
    Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
    (E se soubessem quem é, o que saberiam?),
    Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
    Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
    Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
    Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
    Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
    Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
    Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
    Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
    E não tivesse mais irmandade com as coisas
    Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
    A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
    De dentro da minha cabeça,
    E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.
    Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
    Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
    À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
    E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.
    Falhei em tudo.
    Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
    A aprendizagem que me deram,
    Desci dela pela janela das traseiras da casa.
    Fui até ao campo com grandes propósitos.
    Mas lá encontrei só ervas e árvores,
    E quando havia gente era igual à outra.
    Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?
    Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
    Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
    E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
    Gênio? Neste momento
    Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
    E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
    Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
    Não, não creio em mim.
    Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
    Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
    Não, nem em mim…
    Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
    Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
    Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
    Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
    E quem sabe se realizáveis,
    Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
    O mundo é para quem nasce para o conquistar
    E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
    Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
    Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
    Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
    Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
    Ainda que não more nela;
    Serei sempre o que não nasceu para isso;
    Serei sempre só o que tinha qualidades;
    Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
    E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
    E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
    Crer em mim? Não, nem em nada.
    Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
    O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
    E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
    Escravos cardíacos das estrelas,
    Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
    Mas acordamos e ele é opaco,
    Levantamo-nos e ele é alheio,
    Saímos de casa e ele é a terra inteira,
    Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.
    (Come chocolates, pequena;
    Come chocolates!
    Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
    Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
    Come, pequena suja, come!
    Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
    Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
    Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)
    Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
    A caligrafia rápida destes versos,
    Pórtico partido para o Impossível.
    Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
    Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
    A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
    E fico em casa sem camisa.
    (Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
    Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
    Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
    Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
    Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
    Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
    Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -
    Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
    Meu coração é um balde despejado.
    Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
    A mim mesmo e não encontro nada.
    Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
    Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
    Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
    Vejo os cães que também existem,
    E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
    E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)
    Vivi, estudei, amei e até cri,
    E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
    Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
    E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
    (Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
    Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
    E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente
    Fiz de mim o que não soube
    E o que podia fazer de mim não o fiz.
    O dominó que vesti era errado.
    Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
    Quando quis tirar a máscara,
    Estava pegada à cara.
    Quando a tirei e me vi ao espelho,
    Já tinha envelhecido.
    Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
    Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
    Como um cão tolerado pela gerência
    Por ser inofensivo
    E vou escrever esta história para provar que sou sublime.
    Essência musical dos meus versos inúteis,
    Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
    E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
    Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
    Como um tapete em que um bêbado tropeça
    Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.
    Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
    Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada
    E com o desconforto da alma mal-entendendo.
    Ele morrerá e eu morrerei.
    Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
    A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
    Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
    E a língua em que foram escritos os versos.
    Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
    Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
    Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,
    Sempre uma coisa defronte da outra,
    Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
    Sempre o impossível tão estúpido como o real,
    Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
    Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.
    Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
    E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
    Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
    E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.
    Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
    E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
    Sigo o fumo como uma rota própria,
    E gozo, num momento sensitivo e competente,
    A libertação de todas as especulações
    E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.
    Depois deito-me para trás na cadeira
    E continuo fumando.
    Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.
    (Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
    Talvez fosse feliz.)
    Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
    O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
    Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
    (O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
    Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
    Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
    Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.

    by @LeoJunioS
    quarta-feira, 28 de setembro de 2011 0 Comentários

    A Luxúria do Tempo

    Passa o tempo
    Passa a hora
    Os caminhos conturbados
    E pouco me resta.

    Correndo sem parar
    Parando sem poder parar
    Agonizando de vontade
    Vontade da suprema quietação.

    Imaginando o bom
    E o bem bom
    Caindo em instantes em pensamento
    Acabando ainda mais com o tempo que me resta!

    Volto ao tempo
    Levo o tempo
    Passo o tempo
    No caminho, o tempo...

    Afogando minhas necessidades
    Desapontado, sem poder reclamar
    E assim não encontro espaço
    De viver pelo tempo!

    Leo Junio



    by @LeoJunioS


    segunda-feira, 19 de setembro de 2011 0 Comentários

    Avassalador

    Sem tempo para criar, andei postando poemas antigos. Porém ontem tive uma idéia fixa do Avassalador e dos sentimentos Avassaladores, portanto, meu primeiro esboço dessa palavra extremamente forte e profunda.


    Avassalador

    Embora as necessidades
    Prevaleça sempre
    Por um amor maior
    A procura não é imediata



    A medida exata
    A circunstância real
    O momento devido
    O tempo indiferente



    De uma paixão
    Por um propósito
    Purificador

    Transparente sentimento
    Na fortaleza da minha vontade
    De um amor maior
    No infinito avassalador

    Leo Junio


    by @LeoJunioS

    Diretório de Blogs


    sexta-feira, 16 de setembro de 2011 0 Comentários

    Poema de Minuto

    Devido a alguns problemas de saúde, ontem não foi possível postar.
    E como hoje ainda não me sinto legal, para não ficar em branco
    vou deixar um Poema de Minuto...

    *

    Me firmo no auge da minha condolência
    Exacerbado de sono contagiante
    Aborrecido na ausência de utilidade
    Nas pálpebras que cerram a cada palavra
    E finaliza no próximo sussurro.

    Leo Junio

    *

    by @LeoJunioS
    terça-feira, 13 de setembro de 2011 0 Comentários

    Sincronia


    Vivenciando o inevitável
    Exaltando distinções
    Diante do inacreditável
    Sem emoções.

    A autonomia da opinião
    A diversidade da pluralidade
    Para uma virtuosa comunicação
    Em busca da pura verdade.

    E diante da maravilhosa harmonia
    Estado completo de sincronia.

    Leo Junio


    by @LeoJunioS
    domingo, 11 de setembro de 2011 0 Comentários

    Tempo


    "Hoje é domingo,
    Missa, praia e céu de anil..."
    Quando posso considerar algo a título de inspiração?
    Não posso considerar algo, mas posso considerar alguém, e o que escrevo reflete o que sinto.
    Não sei de qual forma essa poesia hoje pode atingir o límpido da alma de vocês, mas sei como é valorizado a arte do coração.


    Tempo

    Ontem,
    Sorrindo e chorando
    Vivendo e sonhando
    Dizendo e fazendo
    Considerando.

    Hoje,
    Feliz e realizado
    Fortalecido e abençoado
    Assanhado e acanhado
    Namorado.

    Amanhã,
    Afagar e elogiar
    Adorar e doar
    Valsar e reavivar
    Amar!

    Leo Junio


    by @LeoJunioS
    sábado, 10 de setembro de 2011 0 Comentários

    Valor

    Poema instâneo de idéia fixa e palavras soltas, espero que possam apreciar. Um ótimo final de semana a todos que sempre acompanham o blog e um enorme abraço para quem sempre perde uns minutinhos do seu dia para deixar um precioso comentário!



    Valor

    E na última esperança
    De uma chance
    Te envio carinho, amor, lembranças
    Qual o verdadeiro valor de uma rosa?
    Com que olhos receberá minha súplica por atenção?
    Fará da minha vontade motivo de satisfação?
    Agirá pelo próprio coração?
    Ou moral pela razão?
    Conto com a demência do meu otimismo!
    E não com a realidade do meu pessimismo!

    Leo Junio


    by @LeoJunioS
    quinta-feira, 8 de setembro de 2011 0 Comentários

    Imortal

    Bom dia a todos!
    O propósito aqui no blog é mesclar entre os poemas elaborados agora até os primeiros poemas, dos mais sombrios até o mais apaixonado do presente momento... o escrito deixa um pouco de lado todo ritmo poético e focando nas frustrações de uma adolescência desvairada e rebelde.


    Imortal

    Já fiz de tudo pra te esquecer
    Já pensei em tudo pra te esquecer
    Amiga das ilusões
    Ilusão de uma vida
    As vezes queria ser um louco
    E louco assim comigo mesmo!
    Só faltou loucura por você
    Não tenho força pra seguir sozinho
    E ainda não esqueci teu rosto
    As vezes a minha imagem no espelho é sombria
    Tenho asas negras e não consigo melhorar coisa alguma
    As vezes não tenho imagem no espelho
    Sinto sede de sangue
    Minhas presas me machucam
    E não conseguiria lhe beijar direito
    Sou excluído!
    Queria ser normal para sonhar com você
    Porém minha raça é amaldiçoada
    E hoje ainda não saí para caçar
    Poderia fazer de você minha escrava
    Sermos virtualmente felizes
    Sinto meu sangue latejar
    Com o medo da luz do dia
    A sede me corrói
    E já faz um século que você se foi
    Desejaria nunca ter nascido
    Para jamais saber a dor do Imortal!

    Leo Junio



    by @LeoJunioS
    terça-feira, 6 de setembro de 2011 0 Comentários

    Vontade

    O próximo poema é diferente da maioria de todas as outros textos que escrevi antes. Um sentimento difícil de caracterizar, e principalmente complicado de descrever. Tentei com palavras e com o coração relatar da melhor maneira possível algo belo, instigante e misterioso, e espero que todos possam compreender. Obrigado pelos comentários sempre verdadeiros e carinhosos. 
    E finalizando, respondendo a algumas perguntas que surgiram, estou em processo de análise de uma obra, ou seja, um livro, e assim que tiver notícias concretas vou deixar aqui no Blog. Fiquem agora com mais um poema.

    Vontade


    Viajando ao mundo dos sentimentos
    Sinto cada dia mais sua presença
    Sua alma ancorada no meu ser
    Seu corpo no balançar do meu ritmo.


    Ritmo constante e ininterrupto
    Um tilintar de parte a parte
    Aflorando a sinergia das vontades
    Materializando todas as nossas fantasias.


    Satisfazemos assim
    Desejo por desejos
    Vontade por vontades
    De um querer sem limites!

    E assim os tormentos se acalmam 
    O doce toque do seu olhar
    Me  reacende permanentemente
    Me embriaga de vontade outra vez!


    Leo Junio




    by @LeoJunioS
    segunda-feira, 5 de setembro de 2011 0 Comentários

    Oásis (Continuação)

    Parte 2

    Não sei como cheguei
    Mas as mãos suaves que vieram me ajudar
    Diferente de muitas que me fizeram auto jubilar
    Ma fazem ser forte

    Por tantas vezes queria não gostar
    Acabei por gostar
    Por tantas vezes queria não sofrer
    Acabei por sofrer

    Mas sei você é diferente
    Não sou digno,
    Por fazer de tantas mentiras verdades
    Você, ponto de esperança em um enorme deserto de mágoas

    A suprir necessidades
    A esbanjar felicidade
    Ao me tratar com seriedade
    E mostrar dignidade

    Todo o conforto do paraíso
    Toda a beleza da natureza ao meu redor
    O vento que me diz: Vai dá certo!
    A sombra fresca que me alivia!

    Gentil, mulher!

    Vegetação em meio a um grande deserto
    Coisa bela, agradável, deliciosa
    Prazer, alegria entre desgostos
    Conhecê-la representou um Oásis no vazio da minha vida!

    Leo Junio














    by @LeoJunioS


    quinta-feira, 1 de setembro de 2011 0 Comentários

    Oásis

    Poema antigo, de uma época de puro sofrimento fantasioso (rsrs)! Dividi entre parte 1 e parte 2. Como o poema tem por volta de uns 6 a 7 anos ignorem alguns detalhes amadores! Desde já agradeço a todos pelo carinho e pelos elogios! Fiquem com o poema agora....

    Oásis (Parte 1)

    Por mais forte que sempre seja
    Pela imensidão, fora do alcance da visão
    De todas as vezes que pensei ter lutado
    Das vezes que lutei, não foram o bastante!

    Agora me encontro em desespero
    Não vejo nada que me ampare
    Olho para o lado e o que vejo?
    Areia e mais areia!

    Me cercam de todos lados
    Mas no entanto, me sinto só
    Nada mais deserto que o próprio deserto
    Nada mais frio que o meu coração, vazio.

    Me deixo cair
    Não sei se poderei me levantar
    A angústia me corrói e desapareço na areia
    As sombras das aves negras me perturbam!

    E ao fechar os olhos
    E por fim me entregar
    Sinto briza leve
    Creio, não é miragem!

    Aquela imagem doce me conforta
    Então me teletransporta
    Em meio a tanta solidão no triste imenso deserto
    Me vejo no paraíso.


    Leo Junio



    by @LeoJunioS

    quarta-feira, 31 de agosto de 2011 0 Comentários

    No entanto


    No entanto porém
    Distante e além
    Ao cerco das dúvidas
    Acontecidas
    !

    Percebe como gosto de agradar-te
    Percebe que meu mundo é você
    Percebe
    ?

    Esqueça então
    A insensatez
    De um passado sem valia
    E Viva a vida
    !

    Leo Junio


    by @LeoJunioS
    terça-feira, 30 de agosto de 2011 0 Comentários

    Mário de Andrade (Os Maiores Poetas)

    Mário Raul de Morais de Andrade, Mário de Andrade (São Paulo - 9 de outubro de 1893 - São Paulo 25 de fevereiro de 1945), foi escritor, poeta, crítico de arte, musicólogo e ensaista. Foi uma das figuras mais importantes para o modernismo brasileiro, junto com Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e outros, com participação fundamental na Semana de arte moderna de 22. Mário é considerado o maior intelectual brasileiro do século XX. Estudou profundamente o folclore e as raizes brasileiras. É o autor de Macunaíma e Paulicéia Desvairada. Andrade morreu em sua residência em São Paulo devido a um enfarte do miocárdio, em 25 de fevereiro de 1945, quando tinha 51 anos.


    Rondó pra você

    De você, Rosa, eu não queria
    Receber somente esse abraço
    Tão devagar que você me dá,
    Nem gozar somente esse beijo
    Tão molhado de amor que você me dá...
    Eu não queria só porque
    Por tudo quanto você me fala,
    Já reparei que no seu peito
    Soluça o coração bem feito
    De você.

    Pois então eu imaginei
    Que junto com esse corpo magro,
    Moreninho que você me dá,
    Com a boniteza a faceirice
    A risada que você me dá,
    E me enrabicham como o quê,
    Bem que eu podia possuir também
    O que mora atrás do seu rosto, Rosa,
    O pensamento, a alma, o desgosto
    De você.


    Mário de Andrade



    by @LeoJunioS
    segunda-feira, 29 de agosto de 2011 0 Comentários

    A Morte


    De vez em quando
    Por onde e quando
    De vez em sempre
    Onde e ontem!

    Chega assim
    Sempre dolorosa e inesperada
    Aos os olhos do sofredor
    Infantil, evitável e prematura!

    O que dizer?
    O que fazer?
    Rir?
    Chorar?

    Questionamentos sem explicação
    E qual seria o último clamar?
    E qual a mehor forma de honrar?
    Perguntas que sempre vão voltar!

    Pedimos então todas as forças
    A habilidade necessária
    A virtude da superação
    O amor e a reconciliação!

    Leo Junio

    by @LeoJunioS
    sábado, 27 de agosto de 2011 0 Comentários

    Novamente

    Acordei com vontade de escrever, nem sempre podemos ter o domínio da situação,


    e para pessoas como eu, é transtornante!






    Novamente,
    Aquele sentimento
    De incompreensão
    Aquele momento
    De total alienação!



    Novamente,
    Assim o medo
    Aquela angústia
    Assim retrocedo
    Àquela teimosia!



    Novamente,
    Não sei
    Por onde
    Como
    Ou quando!



    Finalmente,
    Sentimento embaraçado
    De um profundo querer
    Mas já não sou requintado
    É sim amor por você!



    Leo Junio






    by @LeoJunioS
    sexta-feira, 26 de agosto de 2011 0 Comentários

    Música Noturna

    E quando perdemos a vontade pelo politicamente correto, ainda temos liberdade para escrevermos, e assim compartilhar pensamentos e emoções. Espero que apreciem mais este poema de minha autoria.




    Música Noturna

    Assombrasse como erro
    Aterrorizasse com erro
    É esta a minha liberdade poética

    O destino da minha sintonia
    O amor e a minha agonia
    Distante do luar

    No embalo do ritmo perfeito
    Degustando sonoridade musical
    Sonoridade emocional.

    Diante da música
    Que está sendo ditada
    Conectando tons graves
    Ao meu coração.

    Captação noturna
    Imaginação futura
    Indignação pura!

    Leo Junio








    by @LeoJunioS
    quinta-feira, 25 de agosto de 2011 0 Comentários

    ASSIM É

    Uma poesia antiga mas do coração, e se tem algo que aprendi nesses anos,

    é que o mais importante na poesia não é a maneira coerente

    com que se escreve, e sim todas as emoções transportadas para o papel.

    E emoção sempre terá de sobra, porque o sentimento me faz escrever, e sentimento é emoção!





    ASSIM É

    E ASSIM FOI
    AQUELE LINDO BRILHO NO SEU OLHAR
    QUE VEIO DO NADA PARA ME CATIVAR

    E ASSIM FOI
    DE REPENTE SEU AFETO
    FEZ-ME MERGULHAR POR COMPLETO
    NO MAR DA PAIXÃO

    E ASSIM FOI
    A CADA BRISA SUAVE DO VERÃO
    SENTIA VOCÊ NO MEU CORAÇÃO!

    E ASSIM É
    UM SENTIMENTO AVASSALADOR
    MAIS INTENSO QUE O AMOR
    A IMAGINAR TANTA CRUELDADE
    MORRENDO ASSIM DE SAUDADE

    E ASSIM
    ESTIVE AQUI FALANDO DO MUNDO
    FALANDO DA VIDA
    FALANDO DA MORTE
    E FALANDO DO AMOR.

    E ASSIM
    VOLTO AQUI
    POR VOCÊ
    ESTAREI SEMPRE AQUI
    E SEMPRE AÍ
    ASSIM!

    LEO JUNIO



    by @LeoJunioS

    terça-feira, 23 de agosto de 2011 0 Comentários

    Conduta de querer

    Feito pra quem... você sabe quem!
    Ao desperto, a alegria e a inspiração de novamente criar, recriar,
    melhorar, piorar...
    Uma realidade gostosa, pois por bem ou por mal posso fazer algo,
    posso me cobrar algo.



    As vezes o simples fato de perder (ou o medo de perder), nos deixam tolos ou nos fazem dizer coisas tolas. Nessas horas devemos deixar a mente livre e escutar o som do coração.




    Me sinto em um estado de espírito privilegiado,
    e você que sabe quem, sabe muito bem.
    O poema é nosso!

    Conduta de querer

    Vontade desvairada do seu beijo
    Pensamento aflorado em você
    Como é grande o meu desejo
    Insolúveis pensamentos de perder!

    Livre gesticulação
    Mil horas de vôo imaginário
    E não posso conter a aflição
    Do mesmo mundo, do meu calvário!

    Desejo você,
    Como o rio procura o mar!
    Como o outono requer as folhas!
    Como o sol que insiste em brilhar!

    Quero você,
    Na chuva que vem acalmar!
    Na lógica das minhas escolhas!
    E sei que nada pode abalar!

    Me faço por você!

    Leo Junio


    by @LeoJunioS

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    Conteúdo

    Mais um poema de momento:

    Conteúdo


    Leve e quente

    O toque do teu beijo

    Por si, comovente

    Jamais em tom de aleijo!


    Enfim,

    Assim!


    E por assim me entregar

    Em nada confortante

    É porque fui desbaratar

    Me tornando insignificante!


    Leo Junio



    by @LeoJunioS
    segunda-feira, 22 de agosto de 2011 0 Comentários

    Breve

    Foi feito assim, naquele momento breve e único, uma idéia, um pensamento, palavras e versos foram montados e aqui estão, não para serem julgados ou admirados. E sim para demonstrar cada sentimento presente em mim.


    Várias postagens belíssimas sobre Os Maiores Poetas de todos os tempo foram relatadas nesse blog nas últimas semanas, agora é o momento de voltar a minha realidade, nada belo e nem mesmo imortal, apenas verdadeiro. Não deixarei de colocar sempre grandes obras para todos os leitores, mas o foco principal é escrever minhas idéias, mesmo sendo na grande maioria das vezes tolas e sem grande importância.


    Agradeço às visitas e todos que me ajudam a elevar em qualidade os conteúdos aqui aplicados.


    Agora um poema de momento:




    Breve


    E ineterrupta é sua vontade

    De querer bem

    Às percepções do além.


    Infinita a vontade

    De ter e amar

    E assim ensinar!


    Leo Junio





    By @LeoJunioS
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    Carlos Drummond de Andrade (Os Maiores Poetas)


    Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira do Mato Dentro - MG, em 31 de outubro de 1902. De uma família de fazendeiros em decadência, estudou na cidade de Belo Horizonte e com os jesuítas no Colégio Anchieta de Nova Friburgo RJ, de onde foi expulso por "insubordinação mental". De novo em Belo Horizonte, começou a carreira de escritor como colaborador do Diário de Minas, que aglutinava os adeptos locais do incipiente movimento modernista mineiro.




    Alvo de admiração irrestrita, tanto pela obra quanto pelo seu comportamento como escritor, Carlos Drummond de Andrade morreu no Rio de Janeiro RJ, no dia 17 de agosto de 1987, poucos dias após a morte de sua filha única, a cronista Maria Julieta Drummond de Andrade.




    POEMA DE SETE FACES

    Quando nasci, um anjo torto
    desses que vivem na sombra
    disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

    As casas espiam os homens
    que correm atrás de mulheres.
    A tarde talvez fosse azul,
    não houvesse tantos desejos.

    O bonde passa cheio de pernas:
    pernas brancas pretas amarelas.
    Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
    Porém meus olhos
    não perguntam nada.

    O homem atrás do bigode
    é serio, simples e forte.
    Quase não conversa.
    Tem poucos, raros amigos
    o homem atrás dos óculos e do bigode.

    Meu Deus, por que me abandonaste
    se sabias que eu não era Deus
    se sabias que eu era fraco.

    Mundo mundo vasto mundo,
    se eu me chamasse Raimundo
    seria uma rima, não seria uma solução.
    Mundo mundo vasto mundo,
    mais vasto é meu coração.

    Eu não devia te dizer
    mas essa lua
    mas esse conhaque
    botam a gente comovido como o diabo.



    Carlos Drummond de Andrade












    by @LeoJunioS
    sexta-feira, 19 de agosto de 2011 0 Comentários

    Pablo Neruda (Os Maiores Poetas)





    Pablo Neruda (Parral, 12 de Julho de 1904 — Santiago, 23 de Setembro de 1973) foi um poeta chileno, bem como um dos mais importantes poetas da língua castelhana do século XX e cônsul do Chile na Espanha (1934 — 1938) e no México.

    O teu riso

    Tira-me o pão, se quiseres,
    tira-me o ar, mas não
    me tires o teu riso.

    Não me tires a rosa,
    a lança que desfolhas,
    a água que de súbito
    brota da tua alegria,
    a repentina onda
    de prata que em ti nasce.

    A minha luta é dura e regresso
    com os olhos cansados
    às vezes por ver
    que a terra não muda,
    mas ao entrar teu riso
    sobe ao céu a procurar-me
    e abre-me todas
    as portas da vida.

    Meu amor, nos momentos
    mais escuros solta
    o teu riso e se de súbito
    vires que o meu sangue mancha
    as pedras da rua,
    ri, porque o teu riso
    será para as minhas mãos
    como uma espada fresca.

    À beira do mar, no outono,
    teu riso deve erguer
    sua cascata de espuma,
    e na primavera , amor,
    quero teu riso como
    a flor que esperava,
    a flor azul, a rosa
    da minha pátria sonora.

    Ri-te da noite,
    do dia, da lua,
    ri-te das ruas
    tortas da ilha,
    ri-te deste grosseiro
    rapaz que te ama,
    mas quando abro
    os olhos e os fecho,
    quando meus passos vão,
    quando voltam meus passos,
    nega-me o pão, o ar,
    a luz, a primavera,
    mas nunca o teu riso,
    porque então morreria.



    Pablo Neruda








    by @LeoJunioS
    quarta-feira, 17 de agosto de 2011 0 Comentários

    Fernando Pessoa (Os Maiores Poetas)


    Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa, 13 de Junho de 1888 — Lisboa, 30 de Novembro de 1935), mais conhecido como Fernando Pessoa, foi um poeta e escritor português.



    Autopsicografia

    O poeta é um fingidor.
    Finge tão completamente
    Que chega a fingir que é dor
    A dor que deveras sente.

    E os que lêem o que escreve,
    Na dor lida sentem bem,
    Não as duas que ele teve,
    Mas só a que eles não têm.

    E assim nas calhas de roda
    Gira, a entreter a razão,
    Esse comboio de corda
    Que se chama coração.

    Fernando Pessoa
















    by @LeoJunioS
     
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