Rondó pra você
De você, Rosa, eu não queriaReceber somente esse abraço
Tão devagar que você me dá,
Nem gozar somente esse beijo
Tão molhado de amor que você me dá...
Eu não queria só porque
Por tudo quanto você me fala,
Já reparei que no seu peito
Soluça o coração bem feito
De você.
Pois então eu imaginei
Que junto com esse corpo magro,
Moreninho que você me dá,
Com a boniteza a faceirice
A risada que você me dá,
E me enrabicham como o quê,
Bem que eu podia possuir também
O que mora atrás do seu rosto, Rosa,
O pensamento, a alma, o desgosto
De você.
Mário de Andrade
Novamente,
Aquele sentimento
De incompreensão
Aquele momento
De total alienação!
Novamente,
Assim o medo
Aquela angústia
Assim retrocedo
Àquela teimosia!
Novamente,
Não sei
Por onde
Como
Ou quando!
Finalmente,
Sentimento embaraçado
De um profundo querer
Mas já não sou requintado
É sim amor por você!
Leo Junio
Música Noturna
Assombrasse como erro
Aterrorizasse com erro
É esta a minha liberdade poética
O destino da minha sintonia
O amor e a minha agonia
Distante do luar
No embalo do ritmo perfeito
Degustando sonoridade musical
Sonoridade emocional.
Diante da música
Que está sendo ditada
Conectando tons graves
Ao meu coração.
Captação noturna
Imaginação futura
Indignação pura!
Leo Junio
E ASSIM FOI
AQUELE LINDO BRILHO NO SEU OLHAR
QUE VEIO DO NADA PARA ME CATIVAR
E ASSIM FOI
DE REPENTE SEU AFETO
FEZ-ME MERGULHAR POR COMPLETO
NO MAR DA PAIXÃO
E ASSIM FOI
A CADA BRISA SUAVE DO VERÃO
SENTIA VOCÊ NO MEU CORAÇÃO!
E ASSIM É
UM SENTIMENTO AVASSALADOR
MAIS INTENSO QUE O AMOR
A IMAGINAR TANTA CRUELDADE
MORRENDO ASSIM DE SAUDADE
E ASSIM
ESTIVE AQUI FALANDO DO MUNDO
FALANDO DA VIDA
FALANDO DA MORTE
E FALANDO DO AMOR.
E ASSIM
VOLTO AQUI
POR VOCÊ
ESTAREI SEMPRE AQUI
E SEMPRE AÍ
ASSIM!
LEO JUNIO
by @LeoJunioS
Ao desperto, a alegria e a inspiração de novamente criar, recriar,
melhorar, piorar...
Uma realidade gostosa, pois por bem ou por mal posso fazer algo,
posso me cobrar algo.
e você que sabe quem, sabe muito bem.
O poema é nosso!
Conduta de querer
Vontade desvairada do seu beijo
Pensamento aflorado em você
Como é grande o meu desejo
Insolúveis pensamentos de perder!
Livre gesticulação
Mil horas de vôo imaginário
E não posso conter a aflição
Do mesmo mundo, do meu calvário!
Desejo você,
Como o rio procura o mar!
Como o outono requer as folhas!
Como o sol que insiste em brilhar!
Quero você,
Na chuva que vem acalmar!
Na lógica das minhas escolhas!
E sei que nada pode abalar!
Me faço por você!
Leo Junio
by @LeoJunioS
Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira do Mato Dentro - MG, em 31 de outubro de 1902. De uma família de fazendeiros em decadência, estudou na cidade de Belo Horizonte e com os jesuítas no Colégio Anchieta de Nova Friburgo RJ, de onde foi expulso por "insubordinação mental". De novo em Belo Horizonte, começou a carreira de escritor como colaborador do Diário de Minas, que aglutinava os adeptos locais do incipiente movimento modernista mineiro.
Alvo de admiração irrestrita, tanto pela obra quanto pelo seu comportamento como escritor, Carlos Drummond de Andrade morreu no Rio de Janeiro RJ, no dia 17 de agosto de 1987, poucos dias após a morte de sua filha única, a cronista Maria Julieta Drummond de Andrade.
POEMA DE SETE FACES
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é serio, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.
Carlos Drummond de Andrade
Pablo Neruda (Parral, 12 de Julho de 1904 — Santiago, 23 de Setembro de 1973) foi um poeta chileno, bem como um dos mais importantes poetas da língua castelhana do século XX e cônsul do Chile na Espanha (1934 — 1938) e no México.
O teu riso
Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.
Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.
A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.
Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.
À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera , amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.
Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.
Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa, 13 de Junho de 1888 — Lisboa, 30 de Novembro de 1935), mais conhecido como Fernando Pessoa, foi um poeta e escritor português.
Autopsicografia
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
Fernando Pessoa
E a segunda parte da série Os Maiores Poetas, traz na minha opinião o maior poeta do Brasil e um dos melhores do mundo: VINICIUS DE MORAES.
"Marcus Vinitius da Cruz e Mello Moraes(Rio de Janeiro, 19 de outubro de 1913), o Vina, foi um diplomata, dramaturgo, jornalista, poeta e compositor brasileiro. Na madrugada de 9 de julho de 1980, Vinicius de Moraes começou a se sentir mal na banheira da casa onde morava, na Gávea, vindo a falecer pouco depois. O poeta passara o dia anterior com o parceiro e amigo Toquinho, com quem planejava os últimos detalhes do volume 2 do álbum "Arca de Noé". Em 1981, este LP foi lançado."
Soneto do Amor Total
Amo-te tanto, meu amor ... não cante
O humano coração com mais verdade ...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
Vinícius de Moraes
Começando pelo grande Mario Quintana...
Mario de Miranda Quintana nasceu na cidade de Alegrete (RS), no dia 30 de julho de 1906. Faleceu em Porto Alegre, no dia 5 de maio de 1994, próximo de seus 87 anos.
[Quem Sabe um Dia]
Quem Sabe um Dia
Quem sabe um dia
Quem sabe um seremos
Quem sabe um viveremos
Quem sabe um morreremos!
Quem é que
Quem é macho
Quem é fêmea
Quem é humano, apenas!
Sabe amar
Sabe de mim e de si
Sabe de nós
Sabe ser um!
Um dia
Um mês
Um ano
Um(a) vida!
Sentir primeiro, pensar depois
Perdoar primeiro, julgar depois
Amar primeiro, educar depois
Esquecer primeiro, aprender depois
Libertar primeiro, ensinar depois
Alimentar primeiro, cantar depois
Possuir primeiro, contemplar depois
Agir primeiro, julgar depois
Navegar primeiro, aportar depois
Viver primeiro, morrer depois
Mário Quintana
Um pequeno trecho da maior obra da paixão nua e crua...
O CÂNTICO DOS CÂNTICOS
O livro sagrado dos amantes
Versão para o português de Luiz Carlos Ramos
"Este livro não é recomendado para pessoas
não apaixonadas ou cujo desejo esteja
adormecido, a menos que queiram
despertá-lo"
"[...]
Ela e ele:
Nosso leito será um jardim;
e à sombra de árvores frondosas
construiremos um ninho de amor.
Ela:
Sim, sou flor do campo,
rosa dos vales.
Ele:
Meu amor, você é uma rosa
entre os espinheiros.
Ela:
Meu amor,
você é uma árvore frutífera
entre as árvores silvestres.
Como desejo sentar-me à sua sombra
e deliciar-me com seus frutos!
Meu amor,
leve-me à sala dos banquetes
e ali cubra-me de beijos.
Dê-me a comer uvas!
Dê-me a comer maçãs!
Ajude-me a recobrar as forças
pois morro de amor.
Segure-me pela nuca
com a mão esquerda,
e com a direita
aperte o meu corpo contra o seu!
Ele:
Mulheres desta cidade,
prometam-me que
por nada neste mundo
interromperão este sonho de amor!
[...] "
by @LeoJunioS
Inventando algumas respostas
Imaginando todas as conseqüências
“Gerundiando” todos os pensamentos.
Entramos no mesmo mundo
Em caráter fecundo
Hoje não sei
Mas pelo menos rimei.
Nessa tal arte da imitação
Um versículo acrescentado
De idéias sem noção
E um olhar abastado.
Do amor eu pouco sei
Da vida nem lembrei!
Leo Junio